A prevenção do câncer de mama pode ser dividida em prevenção primária e secundária. Prevenção primária é tudo o que pode ser feito para evitar o desenvolvimento de um câncer Prevenção secundária consiste na realização de testes ou exames que possam detectar precocemente um câncer já instalado, uma lesão pré-maligna, ou ainda identificar uma lesão que indique um risco aumentado de a paciente desenvolver um câncer no futuro.
Com base nestes exames que detectam lesões de risco, lesões pré-malignas e/ou lesões cancerosas em fase precoce, é possível intervir terapeuticamente, curando potencialmente a quase totalidade das pacientes. Entre as estratégias de exames utilizados em prevenção secundária, podemos citar:
Mamografia
A mamografia realizada com abrangência de toda a população é o único exame que comprovadamente diminui a mortalidade por câncer de mama, a um custo aceitável. Para que ocorra diminuição de mortalidade por câncer de mama graças à mamografia em uma determinada população, ao menos 70% das mulheres devem aderir ao rastreamento.
A mamografia é recomendada com periodicidade anual (ou no máximo bianual) para mulheres a partir dos 40 anos de idade, e deve continuar sendo feita até que a mulher tenha uma expectativa de vida inferior a quatro ou cinco anos. Esta expectativa de vida curta, que indicaria a interrupção do rastreamento, está muito mais relacionada à saúde da mulher do que à idade cronológica.
A mamografia de rastreamento consiste em um Raio X feito em duas incidências em cada uma das mamas, e proporciona imagens nas quais se podem identificar áreas suspeitas para malignidade. As imagens e o grau de suspeita devem ser classificados de acordo com uma codificação internacional, denominada de Bi-RADS.
Por esta classificação, que padroniza os achados mamográficos, uma mamografia laudada de maneira padronizada seria classificada de maneira semelhante se avaliada por diferentes profissionais radiologistas.
A classificação de Bi-RADS categoriza os achados:
Classificação de Bi-RADS
0 : são necessários exames adicionais ou a mamografia prévia para comparação1: mamografia negativa para achados suspeitos2: achados benignos3: achados provavelmente benignos (menos de 2% de malignidade). Sugere-se seguimento em intervalo curto (meses)4: achados suspeitos (possibilidade de malignidade entre 2% e 95%). Recomenda-se biópsia5: altamente sugestivo de malignidade (probabilidade de malignidade >95%). Recomenda-se biópsia6: alterações de área com malignidade já documentada em biópsia
Toda mamografia deve ser laudada com base nesta classificação de Bi-RADS.
A mamografia não é somente útil no rastreamento de mulheres assintomáticas, mas é também o primeiro exame a ser realizado na presença de alguma alteração mamária descoberta ao exame físico, seja notada pela paciente, seja notada ao exame por profissional de saúde. Neste caso não mais se trata de mamografia de rastreamento.
Em algumas situações, como no caso de mamas extremamente densas ou em caso de alterações que poderiam consistir em cistos, pode ser recomendada complementação da mamografia com a realização de um ultrassom ou até de ressonância nuclear magnética (RNM) das mamas.
Ultrassom
O ultrassom das mamas ajuda a diferenciar lesões palpáveis entre sólidas (mais possivelmente malignas) e císticas (preenchidas com líquido, menos provável que se trate de lesões malignas). Esta complementação ultrassonográfica na investigação serve tanto para alterações palpáveis, quanto para alterações visualizadas pela mamografia.
A ultrassonografia das mamas não causa dor, e é um exame rápido. Ele deve ser feito por profissional com vasta experiência, já que se trata de um exame altamente dependente da habilidade de quem o realiza.
Ressonância Nuclear Magnética (RNM) das mamas
A RNM pode ser usada como complemento à mamografia durante o planejamento de uma cirurgia, para saber se existem outros focos suspeitos nas mamas, que não tenham sido vistos na mamografia.
Além disso, e de maneira mais importante, a RNM é hoje indicada, conjuntamente com a mamografia, para fazer o rastreamento em mulheres com alto risco de desenvolver câncer de mama, como no caso de mulheres com história familiar importante, ou mulheres sabidamente com uma predisposição genética ao câncer.
A RNM é um exame relativamente caro, e não há dados que provem que sua utilização em larga escala ajude a evitar mortes por câncer de mama (como é o caso da mamografia). Mesmo assim, sua utilização vem aumentando justificadamente para um melhor planejamento cirúrgico em casos de doença multifocal nas mamas.
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