Número de casos subiu pelo 11º ano consecutivo, segundo dados do governo. A maioria das mortes foram acidentes envolvendo drogas que causam dependência.
"O quadro geral é que esse é um grande problema que piorou rapidamente", disse Thomas Frieden, diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, que reuniu e analisou os dados.
Em 2010, segundo Frieden, houve 38.329 mortes por overdose de drogas em todo o país. Medicamentos, em sua maioria drogas prescritas, estavam envolvidos em quase 60% de mortes por overdose deste ano, ofuscando as mortes por drogas ilícitas.
O relatório foi publicado nesta terça-feira (19) na revista científica "Journal of the American Medical Association".
Ele detalha quais drogas estavam envolvidas na maior parte das fatalidades. Como em anos anteriores recentes, as drogas opioides --que incluem OxyContin e Vicodin-- foram o maior problema, contribuindo para 3 de cada 4 mortes por overdose de medicamentos.
Frieden disse que muitos médicos e pacientes não percebem o quão viciante essas drogas podem ser, e que elas estão muitas vezes sendo prescritas para casos de dores que podem ser controladas com medicamentos menos arriscados.
Os remédios são úteis para casos de câncer, "mas, se você tem dores agudas nas costas ou enxaquecas terríveis, usar essas drogas que causam dependência pode ser perigoso", disse ele.
Foram contabilizadas 22.134 mortes por overdose por medicamentos em 2010. Ansiolíticos, incluindo Valium, estavam entre as causas mais comuns de mortes relacionadas com medicação, envolvidos em quase 30% dos casos. Entre os óbitos relacionados com o medicamento, 17% foram suicídios.
Os dados do relatório vieram de certidões de óbito, que nem sempre são claras sobre se a morte foi um suicídio ou uma tentativa trágica de uso recreativo. Mas parece que a maioria das overdoses por analgésico foi acidental, disse Rich Zane, professor de emergência médica da Escola de Medicina da Universidade de Colorado.
As conclusões do estudo não são surpresa, acrescentou Zane. "Os resultados são consistentes com o que vemos cotidianamente nas emergências", disse ele, acrescentando que as estatísticas sem dúvida têm piorado desde 2010.
Alguns especialistas acreditam que os números dessas mortes vão se estabilizar. "Atualmente, há uma crença geral de que, porque são drogas farmacêuticas, elas são mais seguras do que drogas ilícitas como a heroína de rua", disse Don Des Jarlais, diretor do Instituto de Dependência Química no Centro Médico Beth Israel em Nova York.
"Cedo ou tarde, as pessoas que utilizam esses medicamentos vão se tornar mais conscientes dos perigos", disse ele.
Frieden disse que os dados mostram a necessidade de mais programas de monitoramento de prescrição de drogas ao nível estadual, e mais leis para fechar "vertedouros de pílulas" -- consultórios médicos e farmácias que receitam em excesso remédios que causam dependência.
No mês passado, um conjunto de especialistas federais em segurança de medicamentos recomendou que o remédio Vicodin e dezenas de outros medicamentos sejam submetidos às mesmas restrições que os outros entorpecentes como oxicodona e morfina têm. Enquanto isso, cada vez mais hospitais têm estabelecido restrições mais duras em prescrições de analgésicos.
Um exemplo: o hospital da Universidade de Colorado em Aurora, EUA, está considerando uma regra que proíbe os médicos de emergência de prescrever medicamentos aos pacientes que afirmarem que perderam seus remédios para dor, disse Zane.
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