À minha filha Di

ADELINA MARIA CIDREIRA DE FARIAS

* 30.08.1970

+ 24.04.2000

Naquele domingo de abril , Domingo de Páscoa, tudo transcorria normal até o momento em que o telefone do Pronto Socorro às 18 h, onde eu estava trabalhando, tocou e eu atendi. 

Do outro lado, a voz do meu filho a me pedir que eu fosse para casa pois o seu irmão havia "batido" o carro com a sua irmã e ela não estava bem. Dali pra frente, flutuei numa nuvem de pesadelo até chegar à cidade vizinha onde a minha filha, intubada, estava sendo encaminhada ao Centro Cirúrgico.

Horas de angústias foram substituídas por outras tantas de incertezas que se desfizeram ao meio dia do dia seguinte quando o médico, após avaliação, desligou os aparelhos e passei a vivenciar uma inenarrável via crucis de preparo do corpo até a sua liberação quase às 22h quando retornei à minha cidade com a minha amada filha adormecida dentro de um caixão.

O anjo da morte foi cruel comigo e não posso perdoá-lo, jamais. Mas posso aceitá-lo como parte da minha vida pois sei que um dia ele virá buscar-me e me levará até ela.

Hoje, filha amada, estaríamos comemorando o teu aniversário de nascimento aqui entre nós. No entanto, nasceste para a verdadeira vida, a espiritual, e aqui estou eu, diante desta fria tela, a falar de ti para mim, coisa que faço todos os meus dias.

Aqui estou eu com os teus irmãos que não tocaram no teu nome, não sei se por esquecimento ou porque quiseram me poupar das lembranças que nunca sairam de dentro de mim, um minuto sequer.

Hoje, estou a recordar as alegres festas de aniversário que marcaram a tua vida e o vazio das datas subsequentes a tua partida.

Filha amada, Enfermeira dedicada, colega de profissão com quem muito aprendi em dedicação e responsabilidade, muito embora eu é quem deveria te ensinar.

Teus anos aqui foram breves filha querida , mas foram intensos. Dois anos apenas no exercício de Enfermagem, fizeste muito mais do que eu que ainda estou tentando dar o melhor de mim mesma aos meus pacientes.

Neste dia que foi teu,é e sempre será,o dia em que me lembra quando  nasceste de mim e te acolhi amorosamente em meus braços para amamentar-te, eu te ofereço o meu amor sem restrições e sem cobranças.

Parabéns filha querida, fica com Deus enquanto aqui eu aguardo o mesmo anjo que te levou,vir buscar-me para levar-me ao teu encontro.

Beijos da tua mãe que te ama, sônia.