Eu tenho 47 anos e sempre fui agitada e independente. Sou divorciada, tenho dois filhos e trabalhava com joias. Há dez anos eu estava com meus filhos (um deles estava doente) em casa e comecei a sentir uma forte dor de cabeça. Meu marido (na época) chegou e eu reclamei da dor, mas ao mesmo tempo estava preocupada com o estado febril do filhote menor. Comecei a piorar, piorar, e ele me levou ao hospital. Foi quando tive um AVC. Isso me fez perder uma parte da minha atividade cerebral e dos meus movimentos físicos. Fiquei hemiplégica, ou seja: tenho o lado esquerdo do corpo paralisado e preciso fazer muitas sessões de fisioterapia.
Como fazer para sobreviver diante desse trauma que fez com que não eu fosse mais perfeita como as pessoas esperam que sejamos? Bom, eu precisei me adaptar à minha nova realidade e aos padrões de uma sociedade exigente e que, muitas vezes, me mostrou seu lado preconceituoso.
Apesar de todas as dificuldades – e claro, são várias –, resolvi dar a volta por cima, voltar a minha energia para a literatura, e consegui publicar dois livros. Em Descobrindo Meu Novo Corpo Após um AVC, eu conto toda a minha trajetória: o AVC, o coma (eu quase morri!), os dias intermináveis no hospital... No segundo, Curiosidades e Desafios de Uma Nova Mulher, eu faço uma reflexão sobre como foi minha inclusão social, como fiz para mostrar que a felicidade não está em viver, mas em saber viver.
Se você pensa que parei por aí, está muito enganada. Já tenho um terceiro saindo do forno. Imagine se eu tivesse o cérebro inteiro (risos).
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