Cuidar da saúde com amor e alegria!

Cuidar da saúde com amor e alegria!

05/05/2011

O Relacionamento da Enfermagem com a Criança Hospitalizada


A maioria das crianças que adoecem ficam mais chorosas e agarradas aos pais. Se a sua patologia for tão grave a ponto de exigir uma hospitalização, seu quadro emocional tende a piorar, em função de encontrar-se afastada de sua casa, familiares e, principalmente, pelos procedimentos médicos e de enfermagem aos quais esta será submetida.


Na maior parte do tempo de hospitalização, a criança ficará restringida ao leito, submetida à passividade, cercada de pessoas estranhas e, para ela, más por trazerem a dor e o sofrimento. Dor esta representada por todas as agulhadas, cortes e outros procedimentos desagradáveis até mesmo para um adulto
.

É comum a ocorrência de mecanismos de regressão onde a criança retorna a uma fase anterior à de sua idade (SADALA, 1995). Como uma forma de defesa, pode ocorrer a recusa de alimentos sólidos, aceitando apenas papinhas e líquidos; uma diminuição do vocabulário; perda do controle de esfíncteres; além de ficar muito assustada.


Neste cenário a enfermagem precisa se inserir de maneira a tornar o mais agradável possível a estadia da criança no hospital. Gostaria de sensibilizar os profissionais da área de saúde para que consigam captar as reais necessidades das crianças com a maior paciência possível.

Para que o tratamento tenha êxito, num período menor de internação, é importante o estabelecimento de vínculo e confiança da criança com o profissional. Atitudes sinceras e verdadeiras, vendo a criança como um indivíduo que tem direitos e deveres, com certeza são fundamentais para o sucesso.


Não é perda de tempo! Familiarize a criança ao ambiente hospitalar, explicando as rotinas e procedimentos que serão realizados e o porquê de cada um, que poderá doer ou demorar, mas que você estará junto com ela para dar força e coragem. A mãe estando junto é importante que ela seja previamente informada e conscientizada para que assuma a mesma conduta. Ameaças do tipo: "se você não ficar quietinha vou chamar a enfermeira para te dar uma injeção!", ou "não vai doer, viu filhinho!" em nada contribuem para a cura e confiança da criança no profissional. 


Possibilitar à criança um espaço para que ela possa expressar seus sentimentos à respeito das experiências traumáticas, assim como suas ansiedades, raiva e/ou hostilidade. Além disso, a doença pode trazer à criança sentimentos de culpa ou abandono, como se fosse um castigo por algo errado que ela cometeu (SEIBEL, 1992). Através de um relacionamento seguro e construtivo é possível uma atuação adequada da enfermagem, podendo ajudar a criança a lidar melhor com suas dificuldades.


A comunicação e o brinquedo terapêutico são recursos adequados que a enfermagem pode lançar mão, oferecendo a oportunidade da criança expressar-se verbalmente ou não (SIGAUD, 1996; SADALA, 1995). Ajuda a criança a lidar com diversas situações, como: "separação de pessoas significativas, procedimentos invasivos e/ou dolorosos, entre outras" (SIGAUD, 1996).

Um ambiente estranho e desconhecido pode trazer na cabeça da criança fantasias e imagens muito ruins da situação vivida (CHIATONE, _____). Concordo com a mesma autora quando ressalta "o quanto todos que ficam hospitalizados tornam-se despojados de seus aspectos existenciais para se tornar um objeto, um número de leito ou prontuário, uma síndrome ou órgão doente".


Acredito ser inadmissível, que em pleno século XXI, o atendimento à criança seja realizado sem se levar em conta que esta é um indivíduo, inserida num contexto familiar, e esta numa estrutura ainda maior, numa comunidade.

ELSEN e PATRÍCIO (apud SCHIMITZ, 1989) abordam os tipos de abordagem que uma instituição pode adotar em função de seus "valores, crenças pessoais e profissionais dos elementos que compõe a equipe de saúde e administrativa". Podendo, com isso, a metodologia da assistência de enfermagem ser centrada: na patologia da criança; na criança; ou na criança e sua família
.

Isso nos leva a confirmar que a:

"visão transcultural do desenvolvimento da criança nos leva a refletir que, embora as pessoas sejam dotadas do mesmo equipamento anatômico, a sua prática de vida varia em função do contexto em que vive. Ou seja, o fato de todas as pessoas serem fisicamente iguais, e terem a mesma arquitetura, não quer dizer que as utilizem do mesmo modo"( CABRAL, 1995).


 A criança é fruto do ambiente que vive, ou seja, sua organização familiar irá influenciar sua experiências infantis e todo seu processo de socialização. Portanto "o trabalho de enfermagem que cuida de crianças deve respeitar as diferenças culturais existentes dentro dos grupos sociais, e sobretudo aliando-se ao estilo de cuidar da mãe que foi herdado culturalmente" (CABRAL, 1995). Assim consiguiremos obter o bem estar da criança e a segurança da mãe com as novas situações vividas
.
 
"É imprescindível que o saber científico não seja formado como dogma, refletir sobre isto permitirá uma melhor consecução do trabalho da enfermeira, em particular, e da enfermagem, em geral." (CABRAL, 1995)

Autora
Érika Cristina Jacob Guimarães Paixão

Dados Pessoais

* Data e local de nascimento: 15.07.74, na cidade de São Paulo-SP

* Formação Básica: Enfermeira Graduada pela Universidade 
Estadual de Campinas e Aluna do Curso de Especialização 
em Saúde Pública do Departamento de Medicina Preventiva
e Social da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP.



Cargos e atividades atuais

*Membro da equipe de trabalho responsável pela especialidade de Enfermagem em Saúde da Criança do projeto do Departamento de Enfermagem do Hospital Virtual Brasileiro, no Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP.

*Projeto desenvolvido com o apoio de uma bolsa de iniciação científica da FAPESP



Se você lida ou está pensando lidar com crianças no seu desempenho profissional, este texto é muito útil!



bjs,soninha

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