Uma pesquisa inédita foi apresentada nesta quinta-feira, no Dia Mundial de Conscientização contra Psoríase, sobre a doença identificada por lesões na pele, e aponta que 63,7% dos pacientes brasileiros relatam ter dificuldades associadas à dor e aspectos emocionais, o que pode ajudar a desencadear artrite e problemas cardiovasculares.
"A psoríase tem sido negligenciada por muito tempo, por falta de terapêutica adequada para seu controle. Hoje, já dispomos de tratamentos eficazes que podem minimizar seus efeitos, quando a doença é adequadamente tratada", afirma a médica Cacilda Souza, responsável pelo Serviço de Dermatologia do Hospital de Clinicas, da USP-Ribeirão Preto e coordenadora o estudo.
Segundo a especialista, a psoríase é uma doença não contagiosa, mas crônica e sistêmica, o que exige uma atenção da medicina para o desenvolvimento de cuidados com os pacientes, que sofrem também com o preconceito da visibilidade que a enfermidade apresenta.
"Na maioria das vezes, identifica-se a psoríase através das lesões da pele que descamam muito e coçam, especialmente nas regiões do couro cabeludo, joelhos, cotovelos, braços e pernas, que são partes visíveis e causam desconforto ao paciente", descreveu à Efe.
Além disso, a médica explica que os pacientes com psoríase podem ter uma incidência maior de problemas cardiovasculares por causa da associação com um conjunto de doenças como diabetes, hipertensão, obesidade, que formam o que a medicina classifica como síndrome metabólica.
De acordo com a médica, a síndrome metabólica é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares e, estima-se, afeta entre 30% a 40% dos pacientes com psoríase, independente do grau de atividade da doença.
Pensando nisso, o foco do estudo 'Beyond', patrocinado pela companhia biofarmacêutica AbbVie, foi identificar quantos dos pacientes possuíam complicações causadas pela doença.
Segundo Souza, ainda não são totalmente conhecidas as razões da associação da psoríase com a síndrome metabólica; mas sabe-se que o risco é maior entre os pacientes com psoríase do que os pacientes sem a doença.
Até outubro, a pesquisa avaliou 113 pacientes brasileiros que têm a doença inflamatória, que surge também por causa do estado do sistema imunológico da pessoa, podendo também ter um componente genético.
Dentro dessa amostra, 63,1% apresentam sintomas de dor e mal estar e 54,1% têm sinais de depressão e ansiedade, quadros clínicos que podem complicar a psoríase, melhorando ou piorando no dia a dia, segundo explicou a médica à Efe.
Entre os pacientes que participaram da pesquisa, a maioria é composta por homens (55,8 por cento), com idade média de 52 anos, e fazem parte de um estudo maior, o Beyond, que inclui um total de 300 pacientes das regiões Norte, Sudeste e Sul do Brasil.
O estudo foi estruturado para medir a prevalência da síndrome metabólica e artrite psoriásica em pacientes com a enfermidade em diferentes estágios da doença.
De acordo com os dados da Associação Psoríase Brasil, cerca de cinco milhões de brasileiros possuem a doença.
A pesquisa continua sendo feita e os resultados completos devem ser concluídos em 2016 com foco principal em pacientes adultos com psoríase (homens e mulheres não grávidas) em qualquer estágio da doença.
As avaliações foram baseadas na resposta a questionários específicos, exames clínicos e de imagem de pacientes dos nove centros de tratamento e pesquisa em psoríase do país, sendo a maioria associada a hospitais universitários.
"A psoríase tem um grande impacto na vida dos pacientes. Como as pesquisas sobre a doença são limitadas, estes dados, com pacientes brasileiros, contribuirão para entendermos as necessidades e para trazermos soluções mais adequadas a estes pacientes", afirma o Manuel Uribe, Diretor Médico da AbbVie no Brasil.
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