Cuidar da saúde com amor e alegria!

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31/08/2013

Cláudia Rodrigues: “Já falei que estou boa. Eu tive alta médica”


Afastada da TV, a atriz está de volta aos palcos com uma comédia na qual brinca com sua doença, a esclerose múltipla. Aos 41 anos, ela reage com humor quando perguntam sobre sua saúde e conta o que aprendeu com os momentos difíceis.

Aos 41 anos, a atriz Cláudia Rodrigues comemora sua volta aos palcos após três anos. Ela encena a peça Muito Viva, mais uma vez no papel de uma empregada doméstica, personagem parecida com a Marinete, de A Diarista, que consolidou sua imagem na televisão. A interrupção na carreira se deu por causa do tratamento da esclerose múltipla, doença que descobriu ter em 2000 e que pode comprometer a fala, a visão e a coordenação motora. Ela fala e anda pausadamente. E nega as notícias de que ficou com sequelas. “Já falei que estou boa”, diz, categórica.

De alta médica, Cláudia só quer rir. E fazer rir. Com temperamento forte, ela recebeu QUEM em um teatro no Rio de Janeiro, no intervalo de um dos ensaios da peça com a qual estreou em Salvador, há duas semanas. De lá, partiu em turnê pelo país. A programação é ficar cada fim de semana em uma cidade diferente. “Faço humor o tempo todo, mas de forma natural”, diz ela, que é mãe de Iza, 11 anos, de seu relacionamento de quatro anos com o videomaker Brent Hieatt. Cláudia conta que aguarda ser chamada para voltar à televisão. “Acho que a Globo está esperando para ver se estou boa mesmo”, pondera.

QUEM: Sua doença é citada na peça. Foi um pedido seu incluir o assunto no texto?

Cláudia Rodrigues: De forma alguma. O texto já veio pronto e não vi nada demais. Faço uma empregada que trabalha num teatro e que acaba se descobrindo atriz. A peça é cancelada, ela sobe ao palco para comunicar e acaba fazendo o espetáculo. É uma empregada que trabalha em várias casas e nunca se dá bem. Trabalha em casa de pessoas normais e na casa de uma famosa com esclerose múltipla. Coisa de rico, né? Se fosse de pobre, teria esclerose única (risos).

QUEM: Tem assistido aos programas de humor da TV?

CR: Vejo, mas não quero falar disso, não.

QUEM: Por quê?

CR: Para não me comprometer com ninguém... Não tem momento certo para cada tipo de humor. Ou é engraçado ou não é. Não acho a menor graça em ver ator forçar, falando errado para parecer do povo. Não é assim. Você tem que fazer naturalmente. Nunca estudei o texto cortando os ‘s’. Humor é uma coisa que não tem estudo.

QUEM: Gosta do humor feito para a Internet?

CR: Adoro a turma do Porta dos Fundos (grupo que produz vídeos de humor na web). Tenho um projeto para botar na Internet alguma coisa do tipo, mas ainda é cedo para falar.

QUEM: O universo das empregadas domésticas permeia vários trabalhos seus. Por que tanto interesse?

CR: Sou muito observadora. Observo e depois, em casa, escrevo o que vi. Quando fazia A Diarista, muitas empregadas vinham falar que se identificavam comigo. Tem mulher que trabalha em casa de família e não pode beber no mesmo copo do patrão, tem que comer perto do tanque... É muita humilhação o que elas vivem. Minha relação sempre foi muito próxima. A mulher está me servindo, lavando minha roupa, passando, fazendo minha comida...

QUEM: Quando voltará à TV?

CR: Sou funcionária da Globo. O que me chamarem para fazer eu faço. Não tenho projetos, só espero me chamarem (sua última aparição foi em um quadro do Zorra Total, no começo do ano). Se A Diarista voltar, ótimo. Mas odeio ficar na esperança. Acho que a Globo está esperando para ver se estou boa mesmo. Já falei que estou boa. Eu tive alta médica.

QUEM: O que isso representa para você?

CR: As pessoas achavam que eu estava muito mal. Saiu em tudo quanto foi jornal. Fiquei puta lendo isso. Eu nem estava internada, estava em casa! Vou encontrar com esses jornalistas que falaram de mim e dizer que eles precisam de um negão para comê-los. Porque isso é coisa de gente malcomida!

QUEM: Mas o que você quer dizer com “alta médica”?

CR: É a maneira de dizer que está tudo controlado. Essa é uma doença que não tem cura, você não sabe, é uma surpresa a cada dia. Dentro do processo do ensaio dessa peça, fui superando com a garra de estar em cena. Foram três anos afastada do teatro. É muito bom voltar!

QUEM: O trabalho ajuda na recuperação?

CR: Total. Eu sinto isso, a cabeça tem que estar ocupada com algo que eu goste. Isso vale para qualquer pessoa, em qualquer doença. É uma luta diária e que é linda de ver, todo dia batalhando e cheia de gás, isso é que importa e comove.

QUEM: Como os fãs a abordam?

CR: Desde quando falei pela primeira vez da doença, sempre vem algum fã dizendo que conhece alguém que tem essa doença. É, sempre tem um filho da puta que tem essa merda! Aí, perguntam o que estou tomando. Dá vontade de falar que eu só não tomo no... (risos).

QUEM: Mas o que você responde?

CR: Falo que está tudo bem. Levo na boa. As pessoas perguntam tudo. Você começa a ver como as pessoas se comportam. Levantei uma bandeira sem querer. Não quero estampar a doença em capa de revista.

QUEM: Você viu o que a Angelina Jolie fez por medo de desenvolver um câncer de mama?

CR: Acho ridículo. Ela quis levantar uma bandeira, sim. Deve estar mal com o marido. Se ela quiser tirar os peitos e me deixar o marido... (risos). Agora, isso é um problema pessoal. Eu faço fisioterapia, tomo vitaminas, não tenho essa de ficar falando e fazendo tudo, abrindo minha vida. Cada um faz o que bem entender.

QUEM: Apesar da alta médica, você ainda precisa de algum cuidado, toma remédios?

CR: Não. Nada. Nenhum sintoma.

QUEM: O que houve com seu pé direito (ela anda com dificuldade)?

CR: Tropecei mais de uma vez. Agora até que está melhor... Faço fisioterapia, mas só para o pé, quebrei duas vezes no mesmo lugar.

QUEM: A baixa estatura já a atrapalhou em alguma coisa?

CR: Em nenhum momento, acho que até ajuda. As pessoas acham bonitinho quem é pequenininha. Comecei no teatro com o espetáculo Saltimbancos. Na escola, as pessoas me falavam para fazer teatro porque precisavam de crianças, eu era baixinha (risos).

QUEM: Já fez plástica?

CR: Nunca fiz plástica, nunca botei botox. Vejo as atrizes aí, estão ficando muito feias. Como conseguem interpretar com a testa reta? Perde-se a expressão.

QUEM: Está namorando?

CR: Não, graças a Deus! Pego ninguém (o diretor Ernesto Piccolo interrompe e diz: “Ela passa o rodo!”). Vocês acham que eu sou uma puta, né?

QUEM: Sua vida foi marcada por momentos difíceis, como o suicídio do seu irmão. O humor é sua válvula de escape?

CR: Faço humor o tempo todo, mas não é uma coisa que eu penso em fazer. Sempre fui engraçada, mas naturalmente. Acho que para humor não tem receita. Quando era mais nova, falavam que eu era palhaça. Mas eu não queria ser assim. É natural, não é de propósito.

QUEM: O que você aprendeu com tudo o que passou?

CR: (Fica pensativa) A fé aumenta. Costumo dizer que o ser humano tem que ser do Bonde do JC. A gente vê como a vida é mais fácil. As pessoas têm preconceito contra a Bíblia, tem de tudo lá. Eu sou do Bonde do JC, de Jesus Cristo. Leio a Bíblia, mas não frequento igreja. Levo para viagens, tenho em formato de áudio também, escuto direto. Todo mundo me acha engraçadinha, mas é que na intimidade não me veem escutando a Bíblia. Não é aquela do Cid Moreira, não. É uma simplesinha mesmo (risos).

QUEM: Tem algum medo na vida?

CR: Medo de faltar saúde. Medo da morte eu não tenho. E, quanto mais você pensa, mais acontece. O negócio é não pensar.

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